quinta-feira, 30 de julho de 2009

Arte gótica

Período da arte de estilo gótico estendeu-se por 400 anos (de mais menos 1.100 até 1.500). A origem do termo gótico nada tem a ver diretamente com os godos, a antiga nação germânica que invadiu o Império Romano no século V, todavia é de supor-se que o termo gótico de alguma forma lembra algo como "bárbaro", isto é, um estilo do tempo dos bárbaros, quando os godos atropelavam a civilização romana. Mais tarde, o nome gótico perdeu seu caráter depreciativo e ficou definitivamente ligado à arquitetura de arcos ogivais.


Originou-se de uma denominação utilizada pelos refinados artistas renascentistas para designar genericamente um estilo artístico que achavam de mau gosto, exótico, carregado de apelos decorativos e pelo exagero da altura das suas torres. O gótico, igualmente como o romântico, caracterizou-se predominantemente por ser um estilo grandioso de construções religiosas, foi a arte por excelência das magníficas catedrais européias.


A multiplicação delas por toda a Europa Ocidental deveu-se ao prestígio universal da Igreja Católica e da religião cristã, e resultou da competição entre as cidades lentamente enriquecidas pela Revolução Comercial, transformação econômica que deu seus primeiros passos ao redor dos séculos XI e XII (na região do Flandres, ao redor do rio Reno e do rio Sena) tendo como conseqüência a ressurreição da vida urbana. Cada cidade da Europa Ocidental tratou então de erguer uma catedral cuja torre fosse a mais alta possível, não somente para melhor atrair o olhar protetor de Deus, como para celebrar a excelência das suas corporações de ofícios em competição com as outras das demais cidades vizinhas.



A primeira diferença encontrada entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto que a igreja românica, de um modo geral, apresenta um único portal a gótica tem três portais que dão acesso às três naves do interior da igreja: nave central e as duas naves laterais.

Abadia de Saint Denis - Paris



Entretanto, a característica mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de nervuras que deixa visíveis os arcos que formam sua estrutura. Essa abóbada só foi possível devido ao arco ogival o que possibilitou a construção de igrejas mais altas. O próprio desenho da ogiva, que se alonga e aponta para o céu, acentua a impressão de altura e verticalidade.




Outro recurso arquitetônico de grande importância foram os pilares (suportes de apoio) colocados em espaços regulares. A utilização desses pilares possibilitou a construção de paredes mais finas.



Capela do King`s College – Cambridge




A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os séculos XII e XIV.




A divisão do estilo gótico dá-se em quatro períodos:

I Período: século XII (1100-1200) chamado período de transição ou gótico primitivo. Ainda pouco elevado, o arco ogival ou quebrado é usado juntamente com o arco romântico. Ensaia-se o verticalismo procurando romper-se, ainda que com hesitação, com o horizontalismo do estilo românico. As fachadas das igrejas e das catedrais passam a ser enriquecidas com esculturas decorativas.


II Período: século XIII (1200-1300) chamado gótico lanceolado. O arco ogival torna-se bastante elevado, sendo formado por um triângulo agudo. Acentua-se o verticalismo com o aperfeiçoamento e o uso constante da divisão da abóbada. Generaliza-se o uso do vitral (o cinema do crente daquela época) e as fachadas assumem maior decorativismo e suntuosidade. É a época da construção das grandes catedrais que surgem por toda a Europa, tais como a Notre Damme de Paris, a Catedral de Chartres e a Catedral de Milão.


III Período: século XIV (1300-1400) chama-se gótico irradiante. O arco ogival perde a sua agudeza e passa a ser formado por um triângulo eqüilátero. Suas nervuras decorativas constituem-se de elementos circulares. Atenua-se ligeiramente o verticalismo. As fachadas continuam recebendo suntuosa decoração.


IV Período: século XV (1400-1500) chama-se gótico flamejante ou "flamboyant". O Arco ogival é agora formado por um triângulo obtuso. Apresentação das nervuras decorativas no interior dos arcos, das janelas, e portais. Atenua-se acentuadamente o verticalismo. Fachadas profusamente decoradas.


Características gerais


• Verticalismo dos edifícios substitui o horizontalismo do Românico;
• Paredes mais leves e finas;
• Contrafortes em menor número;
• Janelas predominantes;
• Torres ornadas por rosáceas;
• Utilização do arco de volta quebrada;
• Consolidação dos arcos feita por abóbadas de arcos cruzados ou de ogivas;
• Nas torres (principalmente nas torres sineiras) os telhados são em forma de pirâmide.


Escultura
As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja.

Iluminura
Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto.

Pintura
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.


Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento:

Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.





Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e Retiro de São Joaquim entre os Pastores (imagem).



Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar os detalhes e as paisagens.




Obras destacadas: O Casal Arnolfini (imagem) e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.